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Sobre o tempo subjetivo da cada pessoa

O meu tempo…

O meu tempo não é o seu tempo.
O meu tempo é só meu.
O seu tempo é seu e de qualquer pessoa, até eu.
O seu tempo é o tempo que voa.
O meu tempo só vai onde eu vou.
O seu tempo está fora, regendo.
O meu dentro, sem lua e sem sol.
O seu tempo comanda os eventos.
O seu tempo é o tempo, o meu sou.
O seu tempo é só um para todos,
O meu tempo é mais um entre muitos.
O seu tempo se mede em minutos,
O meu muda e se perde entre outros.
O meu tempo faz parte de mim, não do que eu sigo.
O meu tempo acabará comigo no meu fim.

Arnaldo Antunes

O tempo é um rio (Imre Madách)

O tempo é um rio que leva ou afoga. Nesse rio, se nada. E nele, ninguém manda. Os grandes homens foram os que entenderam bem os seus tempos. Entenderam que não amanhece porque o galo canta, mas que o galo canta porque amanhece.

Sobre o(a) autor(a):Dramaturgo e poeta húngaro, nascido em 1829 na Eslováquia. Escreveu sob efeito da grande agitação política e social que dominou a Europa do pós-revolução francesa à Comuna de Paris. Sua obra principal foi o drama “A Tragédia Humana”.

Do Tempo

Nunca se deve consultar o relógio perto de um defunto.
É uma falta de tato, meu caro senhor…uma crueldade…uma imperdoável indelicadeza…

Quintana

Ah! O Relógios Amigos, não consultem os relógios
Quando um dia eu me for de vossas vida
Sem seus fúteis problemas tão perdidas
Que até parecem mais uns necrológios…
Porque o tempo é uma invenção da morte:
Não o conhece a vida – a verdadeira –
Em que basta um momento de poesia
Para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
Somente por si mesma é dividida:
Não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
Quando alguém – ao voltar a si da vida –
Acaso lhes indaga que horas são…

Mário Quintana

SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ªfeira…
Quando se vê, passaram 60 anos…
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
Eu nem olhava o relógio.
Seguia sempre, sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

Mário Quintana