Depressão, tristeza

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Depressão, tristeza

Depressão em crianças e adolescentes
O consenso atual é de que antes da fase escolar é incomum o surgimento de quadros depressivos. A depressão em crianças na fase escolar e, em especial, na adolescência não é mais questionada. Argumenta-se que a depressão em pessoas jovens e em adultos, assume formas de expressão diferenciadas. Por exemplo: tempo de duração.
Porém, temos que alguns sintomas manifestos na adolescência estão ausentes na infância.
Por exemplo: o conteúdo da depressão associa-se a relações afetivas desfeitas (namoro)
Isto provoca insônia, distúrbios alimentares no jovem.
Na criança: perda dos pais, perda de objeto ou animal de estimação. Isto provoca: Pesadelos.
Embora os critérios diagnósticos tenham sido um problema consensual em psicologia clínica, atualmente utiliza-se os mesmos índices diagnósticos para adultos e crianças utilizando o DSM IV de forma contextualizada .
A depressão na infância é mais um episódio (episódica) e menos um estados psicológico.
Estudos denotam que além da depressão ser um problema de saúde mental significativo em crianças e adolescentes estes problemas podem estar aumentando em termos de prevalência nestas populações.

A maior parte dos modelos de depressão, bem como, as formas de intervenção clinica na infância são adaptações de modelos depressivos em adultos.
Problemas com as adaptações de modelos e intervenção:
Os modelos podem ignorar processos inerentes a etapa de desenvolvimento cognitivo
afetivo e da organização da conduta na criança..
· A psicopatologia infantil vista como um fracasso na conquista de marcos fundamentais do desenvolvimento ou na aquisição de habilidades específicas. Exemplo na depressão: Capacidade de vincular-se/ aquisição da linguagem; Influencias da Rotulação/ Modelagem/Recompensa/ Punição vinda do ambiente

Ambiente

Genética / Ambiente ( fator preciptante)

A psicopatologia infantil vista genericamente como um transtorno inerente a pessoa e relativamente independente do seu ambiente.

A depressão é definida em termos de metáforas:

Metáfora do reforço

A depressão é vista como resultado de uma perda ou falta de reforço positivo da resposta contingente. Um ambiente de interações sociais pobre , em que a conduta não é recompensada ou é feita de forma insuficiente é um ambiente propicio para o desenvolvimento de quadros depressivos.
Lewinshon, propõe três formas de perda de reforço contingente:
1. Mudança ambiental:
Perda de pessoa significativa ou falta de apoio desta pessoa.
Intervenção: Trabalho com os pais e fontes de reforço significativa incentivando a criança /ou adolescente através de estilo e distúrbios de comunicação e formas de resolução de problema.
2- Falta de habilidades sociais.
Intervenção: treino de Habilidade Sociais.
3- Incapacidade de sentir o reforço disponível devido a ansiedade excessiva.
Intervenção:Treino de auto-controle ( manejo de si); Treinos de relaxamento.

Metáfora dos déficits de Habilidades sociais:
(inerente há muitos modelos)

Faltas de habilidades sociais levam a depressão por resultarem em problemas de relacionamento.
Estes déficits levam a dificuldades de resolução de problema, podendo resultar em escolhas ruins para lidar com o problema (por exemplo: abuso de drogas por jovens), ou falta de habilidades para resolver os problemas (por exemplo: isolamento, ou seja, ficar só quando perto da família).

Metáfora do desamparo e da desesperança.

Experiências aversivas incontroláveis levam a pessoa a um estado de desamparo generalizado.
Eventos positivos são atribuídos ao acaso e são recursos de fontes externas.
Eventos negativos são vivenciados como auto-atribuíveis (o indivíduo é a fonte de eventos negativos) e assume um comportamento evitativo nas interações.
Intervenção: Enriquecimento ambiental para que a pessoa vivencie sentimentos de eficácia. Treinamento de controle pessoal, no qual a pessoa aprende novas habilidades (sociais) para melhor controle da vida. Treinamento de resignação (abandonar um objetivo irreal em relação a qual se sentia desamparada). Retreinamento de atribuições (de valores) para si em relação a eventos positivos e negativos da vida.

Esquema geral do processo de resolução de problema:

1. Orientação para o problema:
A- Percepção do problema ( reconhecimento e classificação do problema);
B- Atribuições do problema ( quais as causas do problema);
C- Avaliação do problema; (significação do problema para o bem estar social pessoal e social)
D- Controle pessoal: 1- que se perceba o problema como controlável e com solução; 2- que o sujeito pense que pode resolver o problema através de seus esforços.
E- Compromisso de tempo e esforço: 1- estimativa precisa do tempo que se levará para solucionar o problema com êxito; 2- a disposição do individuo em dedicar tempo e esforço necessários para solucionar o problema.

2- Definição e Formulação do problema
A- coleta de informação: 1- informação sobre a tarefa; 2- informação sócio-cultural.
B- Compreensão do problema;
C- Estabelecimento de objetivos: 1- planejar os objetivos em termos específicos e concretos;2-evitar estabelecer objetivos pouco realistas e inalcançáveis.
D- Reavaliação do problema.

3- Levantamento de Alternativas
A- Principio de quantidade.
B- Principio de adiamento de julgamento.
C- Principio de variedade.

4- Tomada de Decisões
A- Antecipação dos resultados da decisão
B- Avaliação dos resultados de cada decisão
C- Preparação de uma solução

5- Pratica da Solução e Verificação
A- Realizar a solução escolhida ( caso não seja possível realizar a solução escolhida, pode-se: 1-voltar a etapas anteriores e escolher uma nova solução; 2-tentar remover os obstáculos para colocar em pratica a solução escolhida).
B-Auto registro: 1- auto observação da pratica da solução e/ou de seus resultados; 2- Registro (medição) da atuação e/ou de seus resultados.
C. Auto – avaliação: Solução do problema; Bem estar emocional; Quantidade de tempo e esforço empregados; Razão custo benefício.
D- Auto-reforçamento.
E- Recapitular e reciclar.

Metáfora do Manejo de si

Nesta concepção o indivíduo não tem habilidades de auto-controle

O auto controle é definido como a capacidade do indivíduo de estabelecer e esforçar-se no cumprimento de metas. Pessoas deprimidas tem dificuldade em estabelecer e cumprir metas a curta ou a longa distância no tempo.
Tem dificuldade de :
Auto –monitoração Auto-avaliação Auto reforço

Tem tendências seletivas de :
Maximizar eventos negativos e minimizar eventos positivos.
· Esperar apenas conseqüências imediatas para seus comportamentos.
Estabelecer padrões rigorosos de auto-avaliação.
Atribuir as causas de seus comportamentos a fatores negativos.
Atribuir a si próprias recompensas insuficientes.
Administrar-se punições rigorosas.

Intervenção:
1- Trabalhar a habilidade de auto-avaliação á partir de referências externas (como o outro me avalia)
2- Treinar estabelecimentos de metas de curto / médio e longo prazo.
3- Estabelecer auto-reforço a partir de auto verbalizações e atividades reforçadoras.
4- Treinar os pais a encorajar os filhos a mudarem de conduta e sempre reforça-los pelas vitórias.
5- Estabelecer formas de auto-controle.

Ex. de autoverbalizações: Sinto-me bem/ As pessoas gostam de mim/ Sou uma boa pessoa/ Minhas experiências me preparam para o futuro.

Ex de atividades: Planejar executar algo que aprecie / Praticar esporte/ Divertir-se em casa / Mostrar afeto físico.

Metáfora Interpessoal / Paterna ou materna

A depressão está ligada a interrupção nos relacionamentos interpessoais
Os déficits nas habilidades sociais não são responsáveis pela etiologia e manutenção da doença ( fatores precipitantes), são a sua própria origem ou etiologia.
Constatou-se que depressão nos pais tem forte correlação com depressão nos filhos (ex.: modelamento de condutas, rotulação negativa do comportamento da criança, estresse de viver com pais deprimidos).

Intervenção:
Terapia Interpessoal: Identificação dos problemas de relacionamento e aconselhamento para reparação ou ruptura adaptativa em relação a interação conflituosa.
Treinamento de pais. A depressão neste caso é vista como produto de uma relação paternal desadaptativa.
Terapia familiar centrada na habilidade de resolução de problemas
Modificação de crenças paternas e treinamento de atitudes nos pais:

Esquema do programa de treinamento de pais:

Fase 1 . Atenção diferencial
Fase 2 Treinamento no cumprimento de ordens

Atentar:

Descrever o comportamento da criança.
Instruções claras
Deixar de utilizar verbalizações vagas.
As verbalizações devem ser específicas e diretas
Seguir, não dirigir.

Sem perguntas/ordens.
Conseqüências

Reforçar as conseqüências positivas das verbalizações

Seguir regras fixas
Recompensas

Físicas

Verbais sem sinalizar

Verbais sinalizando

Ignorar:

Sem contato ocular ou sinais não verbais
Sem contato verbal
Sem contato físico

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